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Aeronaves e equipamentos utilizados pelos garimpeiros são destruídos na área dos Yanomami

Desde a segunda-feira (6) agentes do Ibama e da Força Nacional realizam operações para expulsão de garimpeiros da Terra Ind[igena Yanomami
Aeronaves e equipamentos utilizados
Agentes do Ibama e da Força Nacional interceptam no Rio Uraricoera pequenas embarcações com garimpeiros em fuga da área Yanomami. (Reprodução/Vídeo/Ibama)

Agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Força Nacional de Segurança Pública, destruíram um avião monomotor, um helicóptero, um trator de esteira nos primeiros dias de retirada dos garimpeiros no território Yanomami. A operação foi deflagrada na segunda-feira (06) e tem por objetivo a desativação dos garimpos ilegais no território. Pressionados a deixarem as terras indígenas, garimpeiros que tentam deixar os garimpos estão revoltados com os preços cobrados pelos donos das pequenas aeronaves para tirá-los do garimpo, cerca de R$ 15 mil por pessoa.

Monomotor principal meio de transporte nos garimpos na área Yanomami é destruído

De acordo com o Ibama, foram apreendidas duas armas e três barcos de pequeno porte, denominados de “voadeiras” que transportavam cinco mil litros de combustível, uma tonelada de alimentos, freezers, geradores de energia e antenas de internet utilizadas nos garimpos. Os suprimentos apreendidos serão utilizados para abastecer uma base de controle instalada no Rio Uraricoera, para impedir o acesso dos garimpeiros.

A presença de garimpos ilegais e a inação do governo passado de Jair Bolsonaro, resultou na maior crise sanitária e alimentar já experimentada pelo povo Yanomami. Dados do Ministério da Saúde, indicam que 56% dos indígenas sofrem de desnutrição severa. Imagens de crianças e adultos com alto grau de desnutrição e extremamente doentes chocaram a opinião pública nacional e internacional.

Agentes do Grupo Especializado de Fiscalização realiza uma fiscalização aérea com objetivo de monitorar as pistas de pouso clandestinas. Os sobrevoos tem por finalidade identificar a destruir a infraestrutura dos garimpos.

Desde a semana passada quando receberam ultimato para deixarem a Terra Indígena Yanomami, centenas de empreenderam fuga, por terra ou pelos rios da região.
Revoltados com o alto valor cobrado pelos proprietários dos aviões utilizados nos garimpos, garimpeiros estão bloqueando as pistas clandestinas com botijões de gás e troncos de madeiras.

As ações de expulsão dos garimpeiros são acompanhadas pela Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente e pela Advocacia-geral da União.

Em outra frente, o Ibama está fiscalizando as distribuidoras e revendedoras suspeitas de comercializarem suprimentos, principalmente combustível de aviação, com objetivo de cortar as linhas de suprimentos para os garimpos.

HISTÓRICO DE INVASÕES

As invasões de garimpeiros em terras dos Yanomami não é recente, deixando um rastro de mortes e destruições. Na década de 80 o que viria ser Terra Indígena Yanomami – TI Yanomami – sofreu a primeira grande invasão por cerca de 40 mil garimpeiros. Relatos e denúncias indicam que os indígenas foram alvos de ataques de garimpeiros com registros de vários assassinatos e destruição de malocas. Neste período estima-se que 20% da população Yanomami foram vítimas de assassinatos e doenças trazidas pelos garimpeiros, como malária, coqueluche, tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis.

Depois de várias denúncias e pressão de organizações indígenas e da sociedade civil, os garimpeiros foram expulsos. Uma das áreas desocupadas foi a região de Surucucu onde o Governo Brasileiro implantou um Pelotão de Fronteira.

No início da década de 90, uma nova leva de garimpeiros voltou a invadir a terra indígena onde foi registrado o primeiro genocídio. Em 1993, portanto, um ano depois da demarcação da terra indígena, em meio a uma tensão, um grupo de garimpeiros invadiu a aldeia de Haximu e assassinou 16 Yanomami, entre eles um bebê.

O ataque ganhou ampla repercussão nacional e internacional, obrigando o Estado brasileiro pela primeira vez adotar medidas. Cinco garimpeiros foram presos e pela primeira vez foi aplicada pela Justiça Brasileira a pena de genocídio. Dos cinco, apenas dois estão cumprindo pena.

Não são só os garimpeiros que investem contra as terras dos Yanomami. Fazendeiros de Roraima também são denunciados por invasões para expandir áreas de pastagens para bovinocultura e o cultivo de arroz. Por traz das invasões estão políticos locais e uma parte da sociedade civil roraimense que não admitem a demarcação da terra indígena, como por exemplo o atual governador de Roraima, Antônio Denarium que chegou a criar leis “legalizando” a atividade garimpeira. (Com informações de agências)

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