Projeções preliminares, indicam que a taxa de mortalidade dos bebês Yanomami em Roraima nos quatro anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro aumentou quase 30%. De acordo com a Missão Yanomami, do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade que era de 89,9 para cada mil nascimentos em 2018, saltou para 114,3 em 2020. É a maior taxa de mortalidade na média indígena nacional de 37,7 no mesmo período. É a maior se comparada com Serra Leoa, na África, que possui a pior taxa de mortalidade de bebês, estimada em 78,2 mortes a cada mil nascimento. Dados de 2021 e 2022 ainda estão em levantamento. Estima-se que esses números preliminares sejam subestimados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aceitável a taxa de mortalidade de 10 mortes para cada mil nascidos vivos. Ou seja, a taxa de mortalidade entre os Yanomami é 11 vezes maior do que a preconizada pela OMS.
De acordo com o relatório da Missão Yanomami, com 127 páginas, as principais causas foram doenças preveníveis, falta de acompanhamento pré-natal pelas mães, falta de assistência médica e remoção de pacientes e a desnutrição materna e infantil.
No período de 2018 a 2022 morreram 505 bebês menos de um ano de idade.
O descaso com a assistência em saúde aos Yanomamis, agravou com a invasão de garimpeiros que em contato com os indígenas que possuem naturalmente baixa imunidade, transmitem doenças, como a malária. De acordo com o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) das 78 unidades de saúde – polos bases – cinco foram desativadas nos últimos cinco anos. Com isso indígenas de várias aldeias ficaram desassistidos.
Outro fato agravante é o baixo percentual de cobertura do Esquema Vacinal Completo, sempre muito abaixo da meta. A partir de 2019, primeiro ano da gestão de Bolsonaro, o percentual atingido foi de apenas 66% abaixo da meta de 85%. Em 2022, o índice foi menor ainda, 53% enquanto a meta estabelecida foi de 88,50%.
O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami é responsável pelo atendimento a mais de 30 mil indígenas distribuídos em 370 aldeias nos estados de Roraima e Amazonas.