A dura resposta de Israel em relação ao ataque do Hamas em outubro de 2023 já matou mais de 48 mil palestinos
O Catar anunciou no início da tarde desta quarta-feira (15), o cessar-fogo em Gaza, após 467 dias de guerra na Faixa de Gaza. O anúncio foi feito em Doha, capital do Catar, pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman. O acordo do cessar-fogo terá início no próximo domingo (19) e será em três etapas. Mediado pelo Catar, Egito e Estados Unidos, e prevê ainda a libertação de cerca de 100 reféns em poder do Hamas, a entrada de ajuda humanitária, retirada das tropas de Israel em Gaza e a libertação de palestinos presos em território israelense.
Palestinos comemoraram o cessar-fogo na Faixa de Gaza antes do anúncio oficial, enquanto em Israel familiares dos reféns realizaram protestos pela libertação.
Donald Trump cuja posse na presidência dos EUA será na próxima segunda-feira, antecipou-se ao anúncio oficial em Doha ao comunicar por meio de redes sociais o cessar-fogo.
A guerra em Gaza foi iniciada em 19 de outubro de 2023 quando Benjamin Netanyahu ordenou o ataque. Israel invadiu a Faixa de Gaza em retaliação ao ataque do grupo terrorista Hamas no sul de Israel no dia 7, matando mais de 1.200 pessoas e o sequestro de 251 pessoas.
Estima-se que ainda existam 94 reféns, dos quais 60 estejam vivos e, 34 mortos. Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou o ataque ao Hamas na Faixa de Gaza, governado pelo braço político do grupo, em um enclave com uma área de 365 km².
O ataque israelense, segundo observadores internacionais, foi desproporcional, onde o principal alvo foi a população civil de 2,3 milhões de habitantes. A população sofre com a falta de alimentos básicos, energia, combustível, medicamentos e doenças.
DESTRUIÇÃO
Os ataques israelenses por ar e terra destruíram praticamente toda a faixa de Gaza, forçando milhares de palestinos a se deslocarem na região. Dos 36 hospitais em funcionamento antes dos ataques israelenses, 20 foram destruídos em bombardeios e os 16 restantes, parcialmente destruídos pelos intensos bombardeio pelo ar e por terra, ainda funcionam de forma precária.

Segundo a Organização das Nações Unidas, ONU, cerca de 48 mil palestinos civis foram mortos, dos quais 70% são mulheres e crianças. Segundo a Save the Children International, por mês 475 crianças vítimas inocentes da guerra e agora se sequelas permanentes físicas e psicológicas.
O exemplo da tragédia Palestina foi testemunhado pelo cirurgião Ghassan Abu Sitta. Com experiência no tratamento de ferimentos por explosão em crianças e que passou 45 dias em Gaza entre outubro e novembro de 2023 operando no hospital Al Ahli. “Gaza está redefinindo ferimentos de guerra. Vi muitos bebês que sofreram amputações antes de aprenderem a andar, o que afetará seu desenvolvimento, pois seu cérebro ainda não captou a recepção adequada e a coordenação olho e mão.”
Foi a guerra mais letal para jornalistas já registrada, com cerca de 130 vítimas, dos quais 70% eram palestinos. A face mais visível da guerra aconteceu com o chefe do escritório da agência de notícias Al Jazeera, Wael Dahdouh.

Ele estava fazendo uma transmissão ao vivo quando recebeu um telefonema no qual recebeu a informação que a esposa, dois filhos menores de 7 e 15 anos e seu neto, um bebê de dezoito meses de vida, foram mortos por um bombardeio israelense. A tragédia de Wael Dahdouh continuou. Seu filho mais velho, Hamza Dahdouh, de 27 anos, foi morto por míssil israelense no carro em que estava se deslocando para uma cobertura. O próprio chefe do escritório da Al Jazeera foi ferido durante uma cobertura. Foi também a que mais registrou mortes de funcionários de órgãos de assistência humanitária.
O ACORDO
O acordo com início neste domingo em sua primeira fase, com duração de 42 dias, prevê a libertação de três reféns no domingo, chegando a 33 até ao final do primeiro período.
A participação do enviado de Trump ao Médio Oriente, o advogado e magnata do ramo imobiliário, Steve Witkoff foi essencial para o desfecho do acordo. Ele se reuniu no último sábado com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para pressioná-lo aceitar o acordo que já vinha sendo costurado pelo negociador indicado pelo presidente Joe Biden.
Segundo o primeiro-ministro do Catar, o acordo de cessar-fogo para entrar em vigência, ainda depende de alguns detalhes que serão definidos hoje à noite. Há ainda a aprovação dos onze membros do gabinete do primeiro-ministro israelense. Na prática, Benjamin Netanyahu era a favor da manutenção da guerra. Setores ultrarradicais israelenses defendem a expulsão ou até mesmo limpeza étnica contra os palestinos.
Em novembro do ano passado foi realizado por pouco dias um cessar-fogo com troca de reféns israelenses, prisioneiros palestinos e a entrada de caminhões com ajuda humanitária. (Com informações dos 972 Magazine, Haaretz, Al-Quds Al-Arabi, BBC e G!)